Noticia boa para os porquinhos de plantão, agora podem alegar que a falta de banho é por motivos de saúde.
Katherine Ashenburg, 65, autora de “Passando a limpo – O banho da Roma antiga até hoje” e de “The Dirt on Clean: An Unsanitized History” (este último, “A Sujeira no Limpo: Uma História Não-Higienizada”, ainda sem tradução para o português) acredita que passou o tempo em que precisávamos nos preocupar com a higiene diária.
O banho era uma prática comum dos romanos, que tinham a lavagem do corpo mais como um ritual do que meramente pela limpeza. Se banhar era uma atividade social que essa população fazia nas termas e era lá que conversavam, fechavam negócios. Com o declínio do império e ascensão do cristianismo, as termas foram caindo em desuso.
Ashenburg conta ainda em outro texto que as pestes que assolaram a Europa entre 1300 e 1400 fizeram com que as pessoas evitassem contato com a água. “Quando Filipe VI da França perguntou à faculdade de medicina da Universidade de Paris quem era o mais suscetíveis à praga, apontavam para pessoas que tomavam banhos quentes. Uma vez que o calor e a água abriram os poros, escreveram os médicos, a doença se espalhava”. O resultado foi realmente o europeu evitar esse contato com a água, o que durou pelo menos quatro séculos.
Hoje, outros argumentos são dados por quem prefere evitar os banhos diários. “Boas bactérias estão educando suas células da pele para fazer seus próprios antibióticos e elas produzem seus próprios antibióticos que matam as bactérias ruins”, explica Richard Gallo, chefe da divisão de dermatologia da Universidade da Califórnia, em San Diego, ao The New York Times.
Ele fala sobre a retenção dos óleos e bactérias naturais da pele que, segundo pesquisas, ajudam este que é o maior órgão do corpo humano a funcionar plenamente. Os banhos, em especial quentes, podem deixar a pele mais seca ou mais propensa a surtos de eczema. “Não é apenas a remoção dos lipídios e óleos da pele que a resseca. Você pode estar removendo algumas das boas bactérias que ajudam a manter um equilíbrio saudável da pele”, afirma o dermatologista.
Enquanto os dermatologistas se preocupam com o impacto que toda a lavagem pode ter em sua pele, os defensores do meio ambiente argumentam que reduzir a quantidade de tempo que passamos no banho preservaria a água do mundo.
Waterwise, uma ONG dedicada à redução do consumo de água no Reino Unido, argumenta que ter menos chuveiros “usará menos água e menos energia” e também “reduzirá sua pegada de carbono, o que ajuda a prevenir o aquecimento global”.
Mas enquanto a preservação do meio ambiente está impulsionando a tendência sem sabão para alguns, para muitos outros é simplesmente porque eles têm preguiça de acordar cedo para tomar banho. Uma pesquisa do Conselho Global de Higiene em 2013 descobriu que 58% dos homens britânicos perderam o banho matinal porque estão muito ociosos ou muito apressados. E não sei se você já pegou um metrô em Londres, mas é perceptível.
Fonte: Hypeness